Temos um destino em comum: nascer e
morrer; sofrer e poder ser feliz...
(Edgar Morin)
Nascemos, crescemos, reproduzimos e morremos. Nos apropriamos desse pensamento ainda pequenos; o que nos leva a “acreditar” que a morte é algo distante, que sempre haverá tempo para um abraço, para um beijo, para um “eu te amo”, para um “adeus”; nos leva a negar a finitude de nós mesmos e dos que queremos tão bem, aqueles do qual construímos vínculos afetivos e “incorporamos” ao nosso viver.
Perder alguém que se ama é doloroso...isso é fato! Acredita-se que de todos os lutos, o mais difícil é aquele onde a ordem natural se inverte, ou seja, os pais que perdem um filho. A morte de um filho provoca um luto profundo porque os pais veêm nos filhos sua extensão, sua continuação, vislumbram um futuro; os pais sentem culpa por não poderem evitar, por não poderem proteger seus filhos de todos os “perigos”, já que como pais, “sua tarefa é proteger”.
Há quem diga que quando a morte é por uma doença prolongada, os pais “se preparam” para a perda, o que em uma morte súbita não ocorre pois são acometidos pela dura surpresa. Em minha vivência no atendimento á famílias enlutadas, percebo que independente de a morte ocorrer de maneira súbita ou lenta, a dor da perda de um filho não nos permite ter essa segurança para tal afirmação. E se perguntássemos aos pais sobre a perda não notaríamos diferença. Vivemos em uma cultura onde a morte é negada, um tabu, então esses pais se preparam para o que exatamente? Não há dor maior ou menor, o que existe é dor e ponto. Dói o corpo, dói a alma!
A nós, familiares, amigos ou profissionais o que nos resta é respeitar e acolher. Não podemos como profissionais ter a pretensão de afastar a dor, ao contrário, nós permitimos que os pensamentos e emoções sejam expressos de maneira genuína, sem julgamentos, sem cobranças para que sejam fortes num momento de tristeza. Na maioria dos casos, o processo de luto ocorre de maneira natural ou normal e chega-se a uma resolução saudável. No entanto, existem casos onde o processo não é satisfatório, onde a pessoa enlutada permanece em determinadas fases do ciclo do luto, evoluindo para o luto patológico.
É importante mencionar, que a morte de um filho provoca reações e comportamentos distintos entre os pais. Por vezes a comunicação do casal fica prejudicada pela maneira com que cada um vivencia o processo de luto. Enquanto um precisará falar e recordar o outro irá preferir o silêncio; o homem por vezes busca voltar a sua rotina e ao trabalho o mais rápido possível, para a mulher essa volta pode ser mais difícil e morosa, nessas diferenças pode-se ter a falsa ideia de que o o homem está sofrendo menos pela perda, o casal se distancia, podendo até ocorrer o divórcio pela dificuldade que o casal apresenta em compreender e respeitar a singularidade de cada um.
Procurar ajuda para vivenciar e passar por todo esse processo do luto torna-se indispensável. Essa ajuda pode vir inicialmente de amigos, familiares, através da fé, de algum credo religioso, ou ainda a ajuda de um profissional psicólogo.
"A dor do luto não deve ser negada e sim, superada.
Superar não é esquecer, significa aceitar e continuar a viver"!
Superar não é esquecer, significa aceitar e continuar a viver"!
Colaborou Patrícia dos Santos – Psicóloga SSO Boa Vida, Especialista em Gestão de Pessoas, Formação em Tanatologia.